“Como se ela
não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou
uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o
estômago e os intestinos.”
– Clarice Lispector
Com as roupas imundas de sangue a garota chorava e
fitava aquela cena pavorosa. Metade de sua vida tinha ido. A casa inundada de
sangue, e nem um vestígio do morto lá. Somente as paredes pichadas com algo que
não agradava. Pichadas de sangue. Com resquícios de maquiagem na bochecha,
graças as lágrimas que ela havia derramado, ela sente um ódio repentino.
Flashes em sua cabeça, uma arma no chão. Seus globos oculares fitavam aquela
situação tão amedrontadora, cruel, marcante... Era como se sua vida tivesse
chegado ao fim com ela viva. Um bilhete. A garota corre para lê-lo.
“Me perdoe, eu te amo mais que tudo. Foi um erro meu. Você é a
coisa mais importante da minha vida, SeuNome.
Assina”
Incompleto porque impediram de continuar a escrever.
Nessa hora que SeuNome sente mais dor ainda.
Se foi sem despedida. Sem um abraço. Sua última
lembrança era de uma briga, a pior de sua vida.
A garota amassa o papel, e começa a chorar. Não chorar
normal como estava, chorar pesado. Gritando e chamando o nome. Não adiantaria,
todos nós sabemos. Tinha chegado o fim. A casa, ainda continuava com sangue.
Muito sangue, e as roupas da garota sujas do mesmo. Já que na entrada da casa
tinham colocado um balde cheio de sangue, e ao entrar, além de receber a
notícia ela tinha recebido sangue. Tinha como ser pior? ‘O que eu fiz, o que eu fiz? O que eu fiz pra merecer?’ – a garota se perguntava pela bilionésima vez.
Á caminho a Londres – 11:12 da manhã.
SeuNome olha pela janela pequena e
arredondada do avião, sente um frio ao olhar o Brasil ficar tão pequeno pela
janela. Suas mãos trêmulas e olheiras, olhos inchados e os fones, emitindo
alguma música que representasse sua tristeza.
Se fosse qualquer uma de suas
antigas amigas, iriam amar estar naquela cidadezinha perfeita. A garota até
amaria se fosse antes. Antes da tragédia. Ao relembrar da mesma sente uma
lágrima brotar e uma dor no coração. Coloca o outro lado dos fones, fecha os
olhos e viaja para um mundo paralelo. Aonde não existe ninguém. Mas, é
praticamente impossível diante das circunstâncias, seus olhos insistem em
derramar lágrimas. Olha para o lado e encontra seu pai, com as situações
parecidas.
O homem, estava olhando para uma
foto que ele segurava, passando levemente o polegar sobre a mesma, sentindo uma
grande vontade de chorar. Ele não tinha coragem de lembrar do acontecido. Ele
apenas focava na foto, e guardava aquela imagem, como se ela fosse real...
Novamente.
A garota, fecha os olhos, em uma
tentativa de fugir do mundo. E dormir, o que ela não fazia á bastante tempo.
Ela sonhava. Sonhava com algo que
creio que ninguém gostaria de sonhar. Era um sonho ruim. Era como se ela
pertencesse á uma espécie de inferno. Ela já estava acreditando que vivia
naquele lugar pavoroso que seu sonho a mostrava. Até ouvir uma voz. Uma voz
soando algo desagradável.
Ao acordar a garota solta uma
respiração tão ofegante que a faz achar grave. Olha para o lado, e descobre que
a voz era de uma mulher. Avisando que o voo tinha acabado. E a parte ruim? Era
longe. Longe de onde ela tinha aquela
pessoa. Se bem que nem existe mais.
Já no aeroporto, aguardando seu pai
resolver algumas coisas, ela olhava em volta. Todos a fitavam estranhamente.
Deveria ser pela aparência pálida, lágrimas ainda caindo, olheiras, olhos
inchados e tremura. Seu pai chega, e então eles entram em um taxi.
Ao entrar, a garota se direciona
para o banco de trás. E pela janela, observa os resquícios de neve. Neve? Ah sim,
Londres era frio. Como seus sentimentos nesse momento.
Já na nova casa, sem entrar, a
garota a fita. Suspira. Agora vai. Ela entra. Até que não era pequena.
– Querida, seu quarto é lá em cima.
A direita. – a voz do homem soa em um tom de choro.
SeuNome então se direciona ao mesmo.
Fita-o. Ele já estava mobiliado. Ela não quer saber de organizar as coisas,
simplesmente deixa as malas no meio do mesmo, entra no banheiro que contém
nele. Liga o chuveiro e esquece do mundo.
Ao sair ela coloca a primeira roupa
que sai da mala. Por sorte, velha. Desce as escadas somente para beber um copo
d’água para ver se a acalmava. Ao descer, encontra o pai no sofá. Ainda com a
foto na mão. Simplesmente a fitando.
– Sua escola começa amanhã. Se
prepara. – o homem fala, mas sem deixar de fitar a foto.
– É... ok.
A garota passa os dentes sobre o
lábio inferior, e vai em direção a cozinha. Pega um plástico gigante, aonde ser
encontram os novos copos. Pega um. O enche d’água e bebe. Volta para o quarto.
Coloca os fones, se deita na cama. Mais lágrimas. Neve na janela.
Rumo á Boarding High School – 08 da manhã.
A garota ainda se sentia mal. E
ainda teria que dar de cara com mais gente?
Em um Audi preto ela ia em direção a
nova escola. Sem nenhum ânimo, desejando cavar um buraco e se enterrar lá
dentro.
Ao entrar naquela escola, ela vê
gente diferente, culturas diferentes... Falas diferentes. Ela tinha feito um
curso de inglês, mas ainda seria muito difícil se adaptar á isso.
Procura a nova sala, e acha.
Entra na mesma, procurando um lugar
distante. No fundo. Achou.
Senta-se, e com a respiração
ofegante por todos a olharem ela fecha os olhos.
Olha para o lado. Um garoto. Com
fones, que nem ela. Com capuz, parecendo triste, rabiscando algo no caderno.
Ela quer vê-lo. Quer ver quem é ele. Talvez por estar assim ele a entenda.
O olhar dela atrai-o. E então, ela
fita aqueles olhos tristes, escuros, e ao mesmo tempo encantadores. Uma lágrima
caindo. Uma pinta. O lápis da garota cai no chão.
O garoto fita aqueles olhos lindos,
e ao mesmo tempo com olheiras e inchados. A boca, levemente rosada. Rosto muito
pálido. Cabelos soltos. Era como uma prisão.
É como uma prisão. – a garota pensa –
Uma prisão maravilhosa.
– Me chamo Liam. Liam Payne.
Oi minhas lindas *-*. Esse foi o primeiro capítulo,curtinho porque quis escrever o mais rápido possível. Ainda não temos o negóciozinho de links porque tenho que postar e pensar em uma sinopse que combine com o contexto, e estava com muita inspiração pra começar então decidi escrever o capítulo um primeiro. Logo logo trago. Espero que gostem.Continuo com +1 comentário.
PERFECT !!!!
ResponderExcluirContinua please <3
XxX Yasmin
nossa eu amei o 1º cap... mt bem feito e ficou mt lindo.
ResponderExcluirxxNatália
Ai que linda, isso me deixa tão feliz... Ganhei meu dia!
ExcluirComecei a ler agora e ja amei *---* como faço pra te dar um abraço via comentário?
ResponderExcluir